terça-feira, 21 de setembro de 2010

Satélite

Fim de tarde
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite

Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão-somente
Satélite

Ah lua deste fim de tarde,
desmissionária de atribuições românticas
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite.


Manuel Bandeira

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