terça-feira, 21 de setembro de 2010

Poema para Fernanda

ela me pede um poema
(de amor, diz)
e já pressinto
a falta
de palavra/
conceito/
prece/
som/
que enfeixe
uma saudade/
sonho/ vacuidade/
angústia de não-ser
sendo tudo a um só tempo

e o tempo boleando entre armadilhas e luzes
faiscando pedra e ferrugem na passagem dos dias

ela me pede um poema
(de amor, diz)
sem perceber
que o amor mais se revela
quando esconde o verbo e se constrói
na vigília silenciosa que se faz encontro

Dagmar Braga

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